terça-feira, 11 de setembro de 2012

Os 15

Tipo... são 15 anos, 180 meses, 5475 dias, 131400 horas e 788400 minutos. Cada minuto uma emoção, cada hora uma razão, cada dia uma aventura, cada mês uma menstruação (kkk') e cada ano como uma era!
Os quinze anos é uma data importante, na vida das garotas. A tradição disso vem já faz um tempinho.
Antigamente (não me pergunte quando!) as garotas casavam-se novinhas e com os pretendentes que seus pais determinavam. Então ao completarem quinze anos (idade comum para se casar naquela época) a família da moça dava uma festa e convidava rapazes para que ela conhecesse pretendentes, assim, logo depois era determinado com quem ela se casaria. Por isso as festas de quinze anos eram como eventos sociais para conhecer noivos! Felizmente hoje elas não servem mais para isso.
Você pode até dizer que nós amadurecemos melhor com 16 ou 14 anos, ou 20.... ou 18. Mas os quinze anos determinam muito bem o fim de uma fase.
Agora eu vou vim com aquelas minha histórinha chatas


Eu gostei muito dessa foto porque é bem assim que eu lavo minhas Barbies. Eu não tenho uma banheira mas uso as duas pias dos banheiros pra deixar todas de molho.Tipo, a história é sim sobre eu, minhas Barbies e minha infância.
Ganhei minha primeira Barbie com 3 anos. Sim, eu era extremamente pequena, mesmo assim tenho alguns flashs de lembrança do dia em que a ganhei. A caixa era lilás e meu pai comprou sapatinhos e vestidinhos avulsos pra ela. Ele a comprara na época em que morou nos U.S.A. Ela é sem dúvida minha preferida de todas que tenho, foi apelidada por Moreninha, por ter sido uma raridade (na época uma Barbie de pele clara e cabelo e olhos escuros era difícil de se encontrar). Barbies viraram um vício sem volta pra mim... e meu objetivo com elas era sempre poder ter mais e se possível as que não fossem loiras!
Então, dos meus 3 anos até meus 15 (especificamente 14) anos, as Barbies eram modelos de vida. Eu sonhava em virar uma adolescente, uma mulher de verdade. Poderosa e tudo o mais... E eu brincava com elas, brincava de ser dona de casa, brincava de ser empresária, brincava de ser piriguete (kkk'), brincava de ser estudiosa, brincava de ser médica, de ser tudo o que eu podia imaginar possível alguém ser na vida. É claro que eu tinha várias acompanhantes nessas brincadeiras, my friends.
Tipo, depois de eu completar exatamente 15 anos, resolvi guardar minhas Barbies...
E fui encachotá-las. Numa tentativa inútil fui brincar com elas antes de guardá-las. Sentei no chão peguei duas das minhas preferidas, Jeane e A Bonita, (uma loira espalhafatosa e uma morena sedutora), e pra minha surpresa: eu não conseguia brincar.
Não conseguia.
A princípio fiquei furiosa, sei lá com o quê, então fiquei magoada e comecei a chorar. Havia sumido tudo, como se a imagem da mulher dos meus sonhos que eu queria ser, tivesse sumido. Elas não eram mais poderosas, nem inteligentes, nem seduzentes, nem alegres, nem tristes, nem furiosas.... eram apenas bonecas.
 Demorou, uns bons minutos, mas eu percebi. Percebi o motivo daquelas imagens que eu montára nas Barbies terem sumido.
Eu havia escolhido uma.
Não sei qual, talvez nunca vá saber, mas eu havia escolhido quem eu seria. Não precisava mais de Barbies para sonhar com o que eu me tornaria, eu não era mais um espectro de vida, eu tinha um caminho. Tenho um caminho. Talvez seja estudar fora, ou montar uma familía aqui... tanto faz.
A questão era que eu não era mais um milhão diferente de gente por dia, não era mais uma Barbie. Era eu. Era uma mulher.

Talvez não fosse exatamente como eu me imaginara quando tinha 6 anos. Mas eu estava pronta pra montar minha própria brincadeira, com minha própria carcaça e não com a de uma boneca.







PS:. Eu amo minhas Barbies incondicionalmente.